domingo, 21 de fevereiro de 2010

O gato das botas

O gato das botas




O Gato das Botas – Conto Infantil de Charles Perrault contemplado no PNL
Um gato travesso como toda a gataria calçou botas e foi ao rei levar presentes certo dia. Seu dono era bem pobre. Só tinha um belo olhar e um belo porte. Mas o gato de Botas transformou sua vida e sua sorte.


O Gato das Botas
Há muito tempo, um velho moleiro, que tinha trabalhado a vida inteira, chamou seus três filhos e distribuiu entre eles tudo o que possuía. Entregou o moinho ao mais velho, deu o barro para o segundo, e para o terceiro, que era o mais novo, sobrou só o gato.
Quando os três filhos ficaram sozinhos, o mais velho combinou viver e trabalhar junto com o segundo irmão. Ele podia fazer farinha no moinho, e o outro iria vendê-la na cidade, com o burro.
Mas o filho mais novo, que só tinha um gato, era melhor que fosse embora com ele, pois para nada servia.
Ficou muito triste, mas concordou:
— Vocês têm razão. O mais que posso fazer com um gato é comer
uns bifes e usar a pele para um gorro.
Depois fez sua trouxa e pôs-se a caminho, levando o gato. Não sabia para onde ir. Andou durante muito tempo… Quando se cansou sentou-se num tronco caído, para pensar. O gato ouvira a conversa dos irmãos, e, agora que estava sozinho com o dono, falou:
— Meu amo! Poderei ser-lhe mais útil vivo que morto. Arranje-me um par de botas para andar no bosque e um saco. Você vai ver do que eu sou capaz.
O rapaz estranhou o pedido, mas arranjou as botas e o saco para o gato.
— Quero só ver o que um gato pode fazer com isto — pensou.
Assim que recebeu o que pedira, saiu depressa, cantando alegremente:
De hoje em diante meu destino é ao meu dono servir. Hei-de cobri-lo de ouro! Basta de me divertir! Com este saco de pano vou para o bosque distante, Um cérebro que trabalha faz fortuna num instante.
Enquanto caminhava em direcção ao bosque, o gato ia fazendo seus planos. Seria difícil imaginar um gato mais esperto do que aquele. Bem que ele dizia que sua cabeça funcionava! Ele não perdia tempo. Seu dono nunca poderia adivinhar o que ele pretendia fazer…
Chegando ao bosque, o gato pôs no chão o saco bem aberto e dentro jogou uns pedacinhos de pão. Depois, deitou-se ali perto fechou os olhos e fingiu de morto. Dali a pouco uma lebre se aproximou e foi comer o pão. Entrou no saco e… zás! Num piscar de olho o gato puxou os cordões, fechando o saco, colocou-o ao ombro, e correu ao palácio do rei.
— Majestade, venho trazer-vos esta lebre, que meu amo e senhor, Marquês de Carabás, caçou especialmente para vós.
O rei agradeceu o presente e mandou o cozinheiro preparar a lebre para o jantar. Nos dias que se seguiram, o gato tornou a levar ao rei vários presentes do Marquês de Carabás: lebres, codornizes, coelhos, faisões. O gato chegava ao palácio e, fazendo uma grande reverência, entregava ao rei a caça do dia:
— Majestade, Eis aqui duas perdizes, que vos envia meu amo, o Marquês de Carabás!
O rei ficava encantado. Estava cada vez mais curioso para conhecer o Marquês de Carabás, que o presenteava tanto. Os próprios cortesãos perguntavam uns aos outros quem era o tal marquês. E o rei pensava:
— Se é tão bonito quanto é bom caçador, e é tão rico como esplêndido senhor, da minha filha eu lhe darei a mão e o amor!
Um dia o gato soube que o rei ia dar um passeio de carruagem
com a filha. Levou o amo até um lago que ficava perto da estrada
por onde o rei deveria passar, e, quando a carruagem se aproximava, mandou o dono despir-se e entrar na água.
— Mas, que é isso, gato? Você perdeu o juízo?
— Depressa, meu amo, depressa! Faça o que lhe digo, e não se arrependerá!
O rapaz não teve outro jeito senão obedecer. Tirou a roupa e pulou para dentro da água. A carruagem do rei já estava perto, e o gato começou a gritar:
— Socorro! Meu amo está a afogar-se! Socorro, Majestade!
O rei ordenou ao cocheiro que parasse e que seus guardas tirassem o marquês de dentro do rio. O gato agradeceu ao rei e disse:
— O pobre marquês… foi atirado ao rio por dois bandidos… que lhe roubaram…
— A peruca? — Perguntou o rei.
— E também as roupas! — Disse o gato.
O rei ordenou então a um dos seus servos que corresse ao palácio
e trouxesse o traje mais bonito de seu guarda-roupa. O furto da roupa era mais uma invenção do gato. E claro que o Marquês de Carabás não poderia apresentar-se vestido com as roupas pobres de um moleiro…
Quando o servo chegou com o belo traje do rei, o rapaz vestiu-se
e aproximou-se da carruagem. Inclinou-se numa reverência e agradeceu ao rei por tê-lo salvo.
A princesa pediu ao pai que convidasse o Marquês de Carabás para entrar na carruagem e continuar o passeio com eles. O rapaz aceitou o convite, e o rei, vendo que a filha se interessava pelo moço, começou a pensar:
— Um marquês desconhecido! Preciso saber quem ele é, e também se é rico.
Enquanto isso o gato correra na frente e já estava longe. Ao encontrar camponeses trabalhando a terra, o gato ordenou em voz grossa:
— Se alguém perguntar de quem são estas terras, digam que pertence, ao Marquês de Carabás. Se não responderem assim, eu os picarei em pedacinhos e farei salsicha de vocês!
Daí a pouco chegou a carruagem do rei. Os camponeses saudaram-no e ele perguntou de quem eram aquelas terras.
— São do Marquês de Carabás.
O rei olhou admirado para o rapaz, que disse modestamente:
— É apenas um campo que quase não dá lucro… não dá nem para comprar os cartuchos para minha espingarda!
O gato, que não perdia tempo, já estava longe, falando com outros
— Se alguém perguntar de quem é o trigo que vocês estão colhendo, digam que é do Marquês de Carabás. Senão, eu os pico em pedacinhos! Logo apareceu a carruagem e o rei perguntou:
— De quem é este trigo?
— É do Marquês de Carabás.
— Responderam os camponeses.
O rei estava cada vez mais admirado com a riqueza do marquês
e não parava de cumprimentá-lo. O gato, entretanto, continuara a correr e chegara a um castelo. Com a maior cara-de-pau deste mundo, bateu à porta.
— Quem é? — Perguntou o guarda.
— Pode dizer-me de quem é este castelo?
— E de um terrível feiticeiro! — Respondeu o guarda. — É melhor você ir andando, porque hoje ele espera hóspedes para um banquete. O gato insistiu:
— Não posso passar por aqui sem parar para ver seu patrão. Pode anunciar-me: sou o gato do Marquês de Carabás e quero cumprimentá-lo
— Um gato! Que visita estranha! — Disse o feiticeiro, que era muito vaidoso. E mandou-o entrar, pensando que o gato viesse prestar-lhe homenagens.
— Aproxime-se! — Ordenou o feiticeiro ao gato. — Vejamos se consegue me agradar.
— Que bela barba o senhor tem! — Exclamou o gato. — E que barriga tão gorda!
— Bravo, gato! Você sabe fazer elogios. E agora, o que tem para me dizer?
— Ouvi falar que… mas não é possível… não acredito… que o senhor é capaz de se transformar num leão!
— Quem ousou dizer isso? — Perguntou o feiticeiro, ofendido.
— Oh! As más línguas… Mas se o senhor me der uma prova de seu poder…
— Claro. Posso me transformar no que quiser — respondeu o feiticeiro. Um… dois… três! O feiticeiro se transformou num enorme leão. O gato teve tanto medo, que até suas botas tremeram. Mas acalmou-se e disse:
— Muito bem, muito bem! Mas deve ser fácil virar leão. O senhor é grande e o leão também é… Não vejo dificuldade nisso!
— Posso virar qualquer coisa, já disse. Até uma coisinha bem pequena!
— Não é possível — retrucou o gato. — Ainda mais porque agora o senhor já deve estar cansado!
— Sou um feiticeiro, e os feiticeiros não se cansam. Pode escolher qualquer bicho, e me transformarei nele.
O gato, que era muito esperto, pediu ao feiticeiro que virasse um ratinho bem pequeno.
— Isso é fácil — disse o feiticeiro.
— Fique olhando: um, dois e três!
O feiticeiro, grande como era, virou um ratinho. O gato não perdeu tempo: num instante pegou o ratinho e comeu. Livre do feiticeiro, o gato percorreu o castelo, dizendo:
— O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo é o Marquês de Carabás. Guardas! Servos! Cozinheiros! Preparem-se para receber o Marquês de Carabás e Sua Majestade, o rei, em pessoa!
— O banquete que o feiticeiro ia oferecer aos amigos será servido ao rei
— Continuou o gato.
— Depressa! A carruagem real se aproxima!
De facto, exactamente naquele momento a carruagem do rei passava pela frente do castelo. O gato correu à estrada e disse:
— Sua Majestade seja bem-vinda ao castelo do Marquês de Carabás.
— Oh! Meu caro marquês, não sabia que o senhor possuía também um castelo!
— Para dizer a verdade, nem eu! — Respondeu o rapaz.
— Tem um lindo castelo! — Disse-lhe o rei — bem construído e belo!
O moço em confusão pensava quieto: — Isso é obra do gato, por certo.
O rei disse no ouvido da princesa: — Que tal o marquês por marido?
— É mais lindo que o nosso — fez a princesa — gosto mais do vosso!
— Aceito com prazer, se ele também quiser!
Disse o marquês na hora:
— Se for por mim a gente casa agora!
— Agora — disse o gato — é hora da ceia, que já está pronta no salão do meio!
Foram todos cear e festejar: o gato, o rei e o novo par.
E assim termina a história desse gato que foi de facto o mais esperto que houve. Gato das Botas que levou sua história a tão bom fim. Feliz de quem tiver um gato assim!


Depois de lida e analisada a história, referenciando os aspectos relacionados com a abordagem à matemática:
- O número de filhos
- Os graus de parentesco
- O número de ladrões
- O par
- Maior e mais pequeno.
Foi pedido ás crianças que fizessem um desenho sobre a história.




No seguimento desta história apresentei às crianças um Puzzle construído por mim.
Este puzzle tem nove peças e permite ser montado a partir da imagem ou fazendo a leitura do verso de cada peça.
O verso do Puzzle pode ser montado seguindo as indicações:
- Da cor
- Das Figuras geométricas
- Do Tamanho
- Identificando Esquerda e Direita
- Identificando linha Superior e Inferior.
Este jogo foi explorado inicialmente com orientações minhas, depois cada criança teve a oportunidade de o explorar individualmente, e em trabalho cooperativo em que uma criança mais crescida ajuda uma mais pequena na montagem da imagem e na descodificação dos códigos do verso.
O resultado foi surpreendente, todos montaram sem dificuldade a face da imagem.
Na montagem do puzzle pelo verso, são as crianças mais crescidas as melhor sucedidas, algumas nem necessitam utilizar todas as informações dadas nas peças.
A organização do trabalho a pares foi uma mais-valia pois as crianças mais crescidas resolveram este desafio utilizando conhecimentos matemáticos, já trabalhados, e foram capazes de transmitir esses conhecimentos aos mais pequenos de forma a permitir que eles também conseguissem descobrir a localização correcta de cada peça.
As crianças descobriram que, utilizando apenas uma peça do puzzle, podiam adivinhar os detalhes da figura, que contam nas peças que devem ser colocadas á sua volta.

Fotografias do jogo e sua exploração

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